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  O Neocolonialismo e os Zoológicos Humanos
imagem dos zoológicos humanos

                                   Pôster da epoca sobre exposiçao de “humanos-animais” 

 

Os chamados “Zoológicos humanos” eram bastante populares na Europa e na América do Norte ao longo do século XIX e início do século XX. Também conhecidos como “Vilas de negros” ou “Exposições Etnológicas”, estas exposições ficaram marcadas como exemplos perversos do tipo de olhar que as sociedades ocidentais construíram sobre outros povos e culturas na época do Neocolonialismo, período de dominação política e econômica estabelecido pelas potências capitalistas europeias no final do século XIX e ao longo do século XX. 

 

A última dessas exposições ocorreu em 1958, em Bruxelas, na Bélgica, onde foi exposta em uma jaula o que era considerada pelos expositores como uma “autêntica família de um vilarejo do Congo”. Os zoológicos humanos traziam como argumento questionável de sua existência o estudo das diferentes etnias, servindo para justificar teses absurdas, como a que afirmava que o negro africano seria o elo biológico entre o homem branco ocidental e o macaco. Entretanto, em termos práticos, o que era visto nestas exposições eram homens, mulheres, idosos e crianças de diversas etnias como africanas, indígenas ou esquimós encarcerados em jaulas, como animais, ou em espaços que imitassem seus “ambientes naturais” (ou estado primitivo); tudo isso observado por olhos curiosos dos visitantes brancos que iam ver como essas pessoas supostamente viviam em suas sociedades. 

 

Outro argumento utilizado na defesa destas exposições se encontra na intenção de enfatizar as diferenças culturais e de evolução tecnológica entre europeus e povos não europeus, procurando, por meio destas, atestar uma suposta superioridade ocidental nestes aspectos de comparação. Para tanto, não raramente estas exposições colocavam pessoas enjauladas juntamente com animais como macacos, numa tentativa de mostrar ao público que aqueles povos e suas culturas deteriam mais semelhanças com o mundo animal do que com o humano. 

A partir do século XX, a rejeição a tais exposições começou a crescer, em virtude tanto das condições degradantes e perversas para com a dignidade humana daqueles que eram expostos, quanto por conta do caráter explicitamente discriminatório e racista intrínseco a esta prática, o que culminou com seu gradativo desaparecimento.

Expociçao do zoologico humano

O colonizador espanhol Guillermo Antônio posa com pigmeus no Royal Aquarium de Londres, em 1888

Zoologico humano

Anúncio publicitário do “Grande espetáculo” de Guillermo Antônio, onde adultos e crianças da tribo Boschiman (de Botswana, Namíbia e África do Sul) seriam exibidos em Paris entre 1898 e 1905.

Zoologico humano

Índios Galibi, que viviam no Oiapoque, são exibidos na jaula em um espetáculo etnológico em um jardim zoológico de Paris, em 1893.

Entenda a Guerra: 

A Guerra na Síria começou em 2011, dentro do contexto da Primavera Árabe, quando houve uma série de protestos contra o governo de Bashar al-Assad. A família Assad ocupa o governo da Síria desde a década de 1960, de forma conservadora e ditatorial, impedindo que aconteçam eleições presidenciais e que os cidadãos escolham seu governante de forma democrática. 

 

Motivos: 

Os conflitos foram deflagrados quando os cidadãos sírios se indignaram com as denúncias de corrupção reveladas pelos noticiários locais. 

Nesse contexto, em março de 2011, na cidade de Derra, adolescentes escreveram palavras revolucionárias de protesto e liberdade nas paredes de uma escola. Por ordem do governo, esses jovens foram presos, torturados e mortos, fato que revoltou a população, iniciando uma série de protestos. 

Como resposta ao protesto, Bashar al-Assad ordenou às forças de segurança que abrissem fogo contra os manifestantes, causando várias mortes. Revoltados contra a repressão, o povo sírio foi às ruas exigir a renúncia do presidente. 

Nessa mesma época, todo o Oriente Médio e Norte da África eram sacudidos por uma onda de protestos contra os governos ditatoriais que ficaram conhecidas como Primavera Árabe. 

Em alguns casos, como o da Líbia, o dirigente máximo do país foi afastado. Entretanto, o presidente sírio respondeu com violência e usou o Exército para reprimir os manifestantes. 

Por sua vez, a oposição começou a se armar e lutar contra as forças de segurança que atacavam o povo. Brigadas formadas por rebeldes começaram a controlar cidades, o campo e as vilas, recebendo o apoio de países que tem interesse na extração petrolífera síria, como Estados Unidos, Canadá, França e Inglaterra.

No início da Guerra, o povo sírio refugiou-se na Turquia.

Os dois lados do conflito começaram a impor o bloqueio de alimentos aos civis. Também foi interrompido ou limitado o acesso à água. Por diversas vezes, as forças humanitárias foram impedidas de entrar na zona de conflito. 

Além disso, o Estado Islâmico aproveitou a fragilidade do país e se lançou na conquista de cidades importantes em território sírio, como Alepo e Damasco. Muitos sobreviventes relatam que são impostos duros castigos para quem não aceita as regras do Estado Islâmico. Entre eles estão espancamentos, estupros coletivos, execuções públicas e mutilações.

Forças Beligerantes: 

É preciso entender que quatro forças distintas atuam no conflito: 

 

República Árabe Síria: liderados pelo presidente Bashar al-Assad, as Forças Armadas Sírias tentam manter o presidente no poder e enfrentam as outras três forças. Tem o apoio do Iraque, Irã, o grupo terrorista libanês Hezbollah e a Rússia. 

Exército Síria Livre: formado por vários grupos de cidadãos que se revoltaram contra Al-Assad após o começo do conflito em 2011. Recebem apoio da Turquia, Arábia Saudita e Qatar. 

Partido da União Democrática: formado pelos curdos (povo que ainda busca sua independência dentro do Oriente Médio), este grupo armado reivindica sua autonomia dentro da Síria. Desta maneira, curdos iraquianos e turcos se envolveram nesta guerra. Preocupados em perder seus direitos de exploração petrolífera na região, Estados Unidos, Inglaterra, Austrália, França e Canadá apoiam, com exércitos e armamentos, tanto o Exército Síria Livre quanto os curdos.  

Estado Islâmico: seu principal objetivo é declarar um califado (estado independente) na região. Apesar de terem capturado cidades importantes, seguem sendo derrotados pelas potências ocidentais. 

 

Resumo: 

Julho de 2011: Milhares de manifestantes voltaram às ruas e foram reprimidos pelas forças de segurança de Bashar al-Assad. 

 

Julho de 2012: Os combates chegam a Alepo, a maior cidade do país. A população passa a se manifestar. Cresce a participação do grupo Estado Islâmico dentro da guerra. 

 

Junho de 2013: A ONU anuncia que 90 mil pessoas morreram até aquela data como resultado dos conflitos. 

 

Agosto de 2013: Centenas morrem após um foguete despejar um agente químico nos subúrbios de Damasco. O governo culpa os rebeldes. No entanto, o exército da ONU prova que o ataque partiu do próprio presidente, Bashar al-Assad. 

 

Junho de 2014: O Estado Islâmico toma o controle de parte da Síria e do Iraque e proclama a criação de um califado, porém os ataques cessam quando os Estados Unidos ameaçam intervir no conflito. 

 

Abril a Julho de 2014: A OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas), ligada à ONU, condena publicamente Bashar al-Assad pelo de armas químicas. 

 

Setembro de 2014: A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos lança um ataque aéreo contra a Síria. A Rússia inicia ataques aéreos e é acusada de matar rebeldes e civis com apoio do ocidente. Surgem as alianças políticas, como a Coalizão Nacional da Síria Revolucionária e das Forças de Oposição. 

 

Agosto de 2015: Combatentes do Estado Islâmico promovem assassinatos em massa, a maioria por decapitação. O Estado Islâmico usa armas químicas na cidade de Marea.

Desesperados, refugiados sírios tentam chegar à Europa pela costa da Grécia.

Março de 2016: As forças de Al-Assad reconquistam a cidade de Palmira das mãos do Estado Islâmico. Durante todo o ano de 2016 são feitas algumas reuniões entre a ONU e as partes beligerantes a fim de alcançar a paz. 

 

Setembro de 2016: As forças russas e o exército sírio bombardeiam Alepo e a reconquistam.  

 

Janeiro de 2017: Começam as negociações que serão conhecidas como o "Acordo de Astana", quando vários atores da guerra, sob orientação da ONU, tentam negociar um cessar-fogo. O Acordo de Astana foi assinado apenas por Russa, Irã e Turquia, não sendo ratificado pela governo sírio e pelos outros países participantes da guerra. 

 

Abril de 2017: O Exército sírio lança um ataque com gás sarin à população civl da cidade de Khan Shaykhun no dia 4 de abril, deixando uma centena de mortos. Como resposta, os Estados Unidos atacam a Síria lançando mísseis. 

 

Setembro de 2017: As Forças Democráticas Sírias e o Estado Islâmico travam uma luta pela posse da zona de Deir ez-Zor, rica em petróleo. 

 

Fevereiro de 2018: Em 18 de fevereiro de 2018, o exército de Bashar al-Assad, passou a atacar violentamente a cidade de Ghouta Oriental, que lhe faz oposição. Estima-se que mais de 600 pessoas foram mortas durante os bombardeios do dia 18, dentre elas, a maioria de crianças. Um dos bombardeios foi direcionado a uma maternidade e a um hospital. 

Em 24 de fevereiro de 2018, a ONU decretou uma pausa humanitária a fim de fazer entrar um comboio com grupos internacionais de ajuda humanitária em Ghouta Oriental. Igualmente, o presidente russo Vladimir Putin, determinou uma pausa de cinco horas. O objetivo da ONU era entregar remédios, roupas e alimentos para os civis, cerca de 400.000, que estavam entre os dois exércitos combatentes. O cessar-fogo, porém, não foi respeitado por nenhum dos lados, e a guerra continuou.

Ataque à Ghouta Oriental, em 18 de fevereiro de 2018. A maioria das vítimas foram crianças.

Números da Guerra: 

  • 320.000 a 450.000 pessoas já morreram no conflito. 

  • 1,5 milhões ficaram feridas. 

  • 5 milhões de refugiados. A Turquia é o principal destino e recebeu 2,7 milhões

  • O Brasil já concedeu a entrada de 2.252 sírios. 

  • 6,5 milhões de pessoas foram deslocadas internamente. 

  • 1,2 milhão de sírios foram obrigados a deixar suas casas. 

  • 35% do território, onde vive 70% da população, está controlado pelo Exército Sírio de Bashar al-Assad. Já o Estado Islâmico domina 40%. 

  • 70% da população não têm acesso à água potável. 

  • 2 milhões de crianças estão fora da escola. 

  • Antes da guerra, a população síria era de 24,5 milhões. Agora, calcula-se que seja de 17,9 milhões. 

  • A pobreza atinge 80% a população, que não têm condições de acesso a alimentos básicos. 

  • A inflação dificulta o acesso aos alimentos, o leite ficou 20 mil vezes mais caro, o pão 3 mil vezes e os ovos 6,5 mil vezes. 

  • 15 mil militares de 80 nações estão na linha de frente do conflito.

O menino Omran tornou-se símbolo da Guerra, após os ataques à cidade de Alepo.

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